Cameron, explorador da National Geographic, tornou-se no primeiro homem a viajar sozinho a uma zona tão profunda dos oceanos, ao vale Challenger Deep na Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico.
A
bordo de um submersível com oito metros de comprimento,
especialmente concebido para o efeito, Cameron desceu 11 quilómetros
- para recolher dados científicos e espécimes e captar imagens do
fundo do mar -, numa viagem que demorou 2h36. De acordo com a
National Geographic Society, Cameron atingiu os 10.898 metros de
profundidade a 26 de Março, às 7h52 locais (ou domingo, dia 25 de
Março, às 21h52, hora em Portugal). “Chegar ao fundo nunca soube
tão bem. Mal posso esperar para partilhar convosco aquilo que estou
a ver", disse Cameron, através de uma mensagem no Twitter.
A
viagem de regresso à superfície demorou 70 minutos. A chegada
aconteceu às 2h00 (hora em Portugal), a 500 quilómetros a Sul da
ilha americana de Guam.
Depois
de anos de preparação, a equipa de Cameron - composta por
engenheiros e investigadores - conseguiu começar a explorar parte da
Fossa das Marianas, com 2400 quilómetros de extensão no fundo do
Oceano Pacífico. A expedição continua o trabalho de Don Walsh e
Jacques Piccard, os primeiros homens a descer até esta região, a 23
de Janeiro de 1960. Mas o batiscafo "Trieste" utilizado
nessa altura não permitia a captação de imagens nem de amostras e
Walsh e de Piccard estiveram apenas 20 minutos no fundo do oceano.
Cameron
manobrou o submersível por regiões inexploradas para captar imagens
para um documentário que terá como principal objectivo promover a
exploração e a descoberta científica dos oceanos. “Existe valor
científico nas imagens captadas na Fossa das Marianas”, contou
Cameron à National Geographic pouco antes do mergulho.
“Será
algo totalmente diferente daquilo que já alguma vez vimos, a bordo
de outros submarinos ou veículos operados remotamente”, comentou
Doug Bartlett, biólogo marinho no Instituto Scripps de Oceanografia
em San Diego, na Califórnia.
O
submersível utilizado estava equipado com várias câmaras e um
braço robotizado para recolher rochas e animais. O material
recolhido poderá ajudar a compreender melhor os sismos que causam
tsunamis devastadores e as forças tectónicas que ajudam a dar forma
ao planeta e conhecer a fauna que sobrevive naquelas regiões
inóspitas. "É possível que o Deep Sea Challenger regresse das
profundezas do oceano com imagens e amostras de animais que nunca
vimos", escreve a National Geographic em comunicado.
Para
Cameron, chegar ao ponto mais profundo do planeta tem sido um desejo
de há muito tempo. "A imaginação alimenta a exploração",
comentou. "Temos de imaginar que é possível antes de partirmos
e conseguirmos lá chegar."
A
revista National Geographic vai publicar os resultados desta
expedição, depois de analisadas as amostras e os espécimes
recolhidos, informa a instituição em comunicado.
A
expedição é um projecto conjunto de Cameron, da National
Geographic e da Rolex. O principal parceiro científico é o
Instituto Scripps de Oceanografia em San Diego.
Nenhum comentário:
Postar um comentário